O berimbau
Hoje é assim!
Quem comanda o ritual na roda de Capoeira é o Berimbau, instrumento milenar formado pela cabaça um arame de aço e uma verga de madeira.
Como diz a cantiga: “O que é Berimbau? A cabaça um arame um pedeço de Pau!
O berimbau é tido por nós brasileiros como a simbolização da capoeira, se vemos alguém carregando um berimbau logo pensamos, lá vai o capoeira. Assim como quando escutamos o tim tim tim tom tom percutido pela baqueta do tocador sobre o arame do berimbau associamos imediatamente, é capoeira. Além disso provavelmente a figura do berimbau é o souvenir mais vendido a turistas que vão a Bahia, seja em forma de imã de geladeira, chaveiro ou qualquer outro penduricalho.
Mas nem sempre foi assim, nem sempre o berimbau esteve associado a Capoeira, nem sempre berimbau foi a cabaça um arame e um pedaço de pau e nem sempre a cabaça um arame e um pedaço de pau foi chamado de berimbau.
Existem algumas lendas africanas que dão conta do surgimento do Berimbau, destaco em síntese duas delas pelo misticismo e pela beleza dos contos.
A primeira lenda trata de uma menina radiante dona de uma voz encantadora que se faz adorar por todos que a conhecem. Certa vez a moça recebe a incumbência de buscar água no riacho. Assim que chega ao local e se abaixa para encher os potes com água recebe uma forte pancada por trás morrendo ali mesmo. Certos da falta que a menina faria principalmente por sua voz encantadora, os Deuses transformam seu corpo em uma verga de madeira, os membros em uma corda e a cabeça em uma cabaça. Daí surge o Berimbau.
A Lenda de Hungu também é uma lenda popular africana carregada de misticismo. O conto narra a história de uma tribo que se desloca de seu lugar de origem em busca de água devido a secagem do rio local. No caminho uma mulher integrante da tribo que carregava um menino no colo caiu esgotada pelos percalços do trajeto. Como de costume a época ela foi deixada para trás pela tribo, e seu filho arrancado de seus braços, levado adiante na jornada junto aos outros integrantes. Essa mulher chorou tanto a falta de seu filho que o rio voltou a encher rapidamente; Suas duas últimas lagrimas viraram peixes que percorreram o rio e chegaram até seu filho para servi-lo de alimento. Assim, o menino conseguiu se desvincilhar dos seus pares tribais e voltar léguas mata a dentro para resgatar a mãe. Quando o garoto chega ao local encontra a mãe já desfalecida, os integrantes da tribo que seguiram o menino dão por matar a mulher com uma paulada na cabeça, e assim o fizeram. O menino cresce, se afasta da tribo e segue sua vida, mas já idoso resolve voltar ao local onde tudo aconteceu. Lá encontra o crânio da mãe, a suas vestes em fiapos, os brincos e o pedaço de pau usado para matá-la. Intuitivamente o homem fixa o crânio da mãe ao pedaço de madeira, usa os fios de suas vestes para fazer um cordão e liga-lo as duas extremidades do pedaço de madeira, e com o brinco em contato com cordão produz sons, que de imediato o homem identifica como as vozes da sua mãe, lhe dando forças para seguir em seu caminho. Surge ai o Hungu instrumento musical considerado de cura em algumas religiões africanas.
Deixando as lendas de lado, a provável história do berimbau começa entre 15.000 e 20.000 anos A.C com o princípio do arco musical. Pinturas rupestres dessa época encontradas em cavernas no sudeste da França, mostram a utilização do arco musical. Acredita-se que arcos utilizados em um primeiro momento como arma para lançar flechas passou a servir de instrumento musical. Ainda mais rudimentar que o já simples berimbau de hoje, esses arcos eram percutidos com pedaços de pau ao qual damos o nome de baquetas hoje, e a caixa de ressonância era própria boca do tocador.
O arco musical foi e ainda é encontrado em diferentes tamanhos, formatos e configurações. Arcos mais angulados, com divisões em seu próprio arco, e até grandes galhos ainda presos a arvores tendo grandes buracos no chão que serviriam como caixa de ressonância foram relatados. Vale lembrar que esse princípio simples que deu origem ao berimbau influenciou a criação de diversos instrumentos musicais, entre eles a Harpa, o Alaúde e a Citara Indiana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário